O CORONELISMO NO SECULO XXI
A política municipal ou estadual vem de mal a pior, proprietários de terras ou grandes comerciantes são favoraveis a essa conduta. O título de coronel surgiu com a Guarda Nacional, milícia particular criada por Feijó e chefiada por senhores de terras, que ajudava o governo a manter a ordem e reprimir as revoltas populares. O coronel, chefe político local, mantinha uma clientela de trabalhadores, sitiantes e pequenos proprietários, cultivada à base de favores, que ele só concedia aos que lhe fossem fiéis. O coronel batizava os filhos, resolvia litígios, ajudava na educação das crianças, obtinha financiamentos bancários e dava “proteção” aos seus “afilhados”, mas em troca exigia obediência total. Era um pequeno rei. Sua lei vigorava em toda cidade, e seus capangas, jagunços ou camaradas cumpriam cegamente as ordens recebidas, mesmo que fosse necessário matar alguém, espancar, queimar casas ou abater gado dos que resistissem ao poder do chefe. Na eleição, o coronel demonstrava o seu prestígio pelo tamanho do “curral eleitoral” que controlava, ou seja, pelo número de votos que oferecia aos políticos de sua preferência, recebendo em troca o direito de indicar, no município, os ocupantes de cargos públicos locais, além do poder de obter verbas públicas para construir obras ou implantar serviços como escolas, correio, rodovias, ferrovias, agências de banco e igrejas. Nas eleições, o trabalhador rural e os demais protegidos retribuíam com o voto os favores recebidos do coronel, que ainda fornecia transporte, alimentação e até roupas e sapatos aos eleitores. O chamado “voto de cabresto”, dominado ou comprado pelos coronéis, tornou-se assim uma realidade em todo o imenso interior brasileiro. Se falhava esse controle ou um coronel adversário ameaçava disputar o poder nas urnas, havia sempre o recurso da “eleição a bico de pena”, fraude bastante comum na época: as folhas de votação incluíam “eleitores fantasmas”, pessoas já falecidas ou mesmo inexistentes. Muitas eleições, disputadas por mais de um coronel, terminavam em luta armada entre eleitores, cabos eleitorais e jagunços, e no final acabava prevalecendo à vontade do coronel mais rico e poderoso, pois os governos estadual e federal controlavam a diplomação dos eleitos de acordo com o prestigio do coronel que os indicara. Tudo isso que encontramos na política da República Velha vemos em nosso Estado.