ALIENAÇÃO POLÍTICA
O desinteresse pela política e pelo exercício da cidadania, acho que não é por acaso. A globalização, a economia de mercado, o capitalismo pós-moderno são camaleônicos e sem alma, transformam tudo e todos em mercadoria. A diversificação de produtos se reflete na fragmentação da informação, das lutas, dos interesses, das necessidades e dos desejos, fazendo com que se perca a visão do todo, concentrando-se na parte e não conseguindo, portanto, formar uma opinião dos aspectos causais essenciais. Conseqüentemente, as pessoas se desligam, se desconectam, perdem o foco ante a falta de sentido de informações fragmentadas pelas quais são bombardeadas diuturnamente dentro de seus lares. A descontinuidade da notícia é estrategicamente proposital, pois impossibilita que aconteça a formação de uma compreensão lógica seqüencial do processo social e histórico. Essa intencionalidade macabra é justamente para que o cidadão não acompanhe o processo de forma contÍnua, integral e integrada, impedindo-o assim que dê sentido à informação recebida. Os meros espectadores não formam então um juízo de valor do processo histórico como um todo. Ficam discutindo superficialmente temas/assuntos/causas desconectadas do conjunto de elementos que constituem o fenômeno em análise. A alienação é benéfica ao poder hegemônico. A evolução do juízo ingênuo para um juízo crítico, da consciência ingênua para a consciência crítica, como dizia Paulo Freire, requer informações sequenciadas dentro de uma cadeia de fatos e elementos que produzam sentido e capacidade de compreensão do fato ocorrido ou comentado, gerando por sua vez um posicionamento político com conhecimento de causa e com fundamento. No entanto, o que se vê hoje é uma discussão estéril, superficialista, banalizada, dando uma falsa sensação de satisfação aos eleitores, por julgarem que encontraram uma solução ideal para o problema em questão. Está resolvido. Se não for assim, não há jeito - perdendo-se pois a visão do agente causal, que se descola da realidade vivida. As relações sociais deste modo ficam cada vez mais esvaziadas e de fácil despedaçamento do tecido social. A força do espírito de luta que o conhecimento crítico da história social desperta no cidadão, é desviado para movimentos isolados, pulverizados e sem interconexão. Ao invés de a discussão ser dirigida ao foco principal de um modelo econômico injusto ou de um projeto de estado mais justo, digno, igualitário e com mais solidariedade humana, discute-se os mais variados problemas como corrupção,crimes ,falta de educação, sustentabilidades, acidentalidade, trafico(viôlência)e etc... que são os sintomas de um mal estar social. Os donos da informação não desejam que haja formação de opinião publica, não desejam que seja produzida pela mídia, a geração de criticidade, pois isto induz a massa à indignação e a uma mobilização social contra as injustiças oriundas de interesses de uma minoria que age para se manter no topo do poder, em desfavor do interesse público. E, dentre os vários alvos por ela produzidos, a população apática, fica queimando pólvora atoa.