ALIMENTOS ORGÂNICOS VALEM A PENA?
Um recente estudo de cientistas da Universidade de Stanford descobriu que, ao contrário do que se pensava, frutas e vegetais orgânicos não são, em média, mais saudáveis do que os produtos convencionais e mais baratos, apesar de terem níveis mais baixos de resíduos de pesticidas. Então, será que existem outros benefícios que superam o custo de alimentos orgânicos? Há um lugar para a agricultura biológica em um mundo com graves carências alimentares e altos preços dos alimentos Preços altos em tempo de crise: Para o escritor e professor da Universidade de Copenhagen, Bjorn Lomborg, o estudo de Stanford mostrou o que a maioria dos acadêmicos já sabia: existem poucos ou nenhum benefício para a saúde em alimentos orgânicos. Em contrapartida, muitos críticos do estudo enfatizam seu menor teor de pesticidas e seus benefícios ambientais. No entanto, para Lomborg, estes pontos escondem inconvenientes muito maiores, como o alto custo por frutas, legumes e carne, já que eles custam de 10% a 174% a mais que os produtos convencionais. Com a atual crise de alimentos, provocadas pela seca nos EUA e outros países, preços altos podem ser mais perigosos que o uso de pesticidas: “A maioria dos habitantes do mundo precisa de alimentos mais baratos, por isso devemos nos concentrar em maiores produções e um melhor acesso a fertilizantes e pesticidas”, defende. De acordo com Lomborg, o uso bem regulado dos produtos químicos melhora o potencial de produção dos alimentos e a capacidade de lidar com as condições adversas, como o solo salino e as secas: “A evidência é clara: os produtos orgânicos não são mais saudáveis ​​nem melhor para o meio ambiente”, disse. Escolha pessoal: Já para Marion Nestle, professora do Departamento de Nutrição da Universidade de Nova York, a questão sobre os alimentos orgânicos têm que levar em consideração três pontos: produtividade, benefícios e custos. Para a produtividade, está provado desde 1980 que os rendimentos da produção orgânica é ligeiramente inferior à convencional. Porém, para ela, a diferença de rendimento é muito pequena para ter um efeito negativo no abastecimento mundial de alimentos. Segundo Marion, as culturas sem agrotóxicos não contaminam o solo e a água, além de serem menos prejudiciais à saúde: “O estudo aponta que ninguém nunca morreu de comer brócolis produzidos industrialmente. Embora a ciência atualmente não demonstre danos a longo prazo da ingestão de pesticidas, eles são comprovadamente prejudiciais para os trabalhadores agrícolas e para a vida selvagem”, disse. “Se os pesticidas fossem apenas benignos, o governo não teria necessidade de regulá-los, mas ele o faz.” Já os custos dos orgânicos são mais elevados, pois os alimentos necessitam de uma maior mão de obra. De acordo com Marion, a escolha de comprar produtos orgânicos ou convencionais é pessoal e estudos como os da Stanford são difíceis de serem interpretados: “Pessoalmente, prefiro não ser uma cobaia em uma experiência de pesticidas a longo prazo. Eu também estou feliz por ter a escolha. Devemos fazer tudo o que pudermos para dar a todos os outros a mesma possibilidade de escolha”. FONTE:The New York Times